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Mercado volta a reduzir projeções de inflação

Começam a crescer no mercado as apostas de uma redução no passo do aperto, que passaria para 0,5 ponto percentual.

Autor: Fernando TravagliniFonte: Valor EconômicoTags: inflação

Dois dias antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), que termina amanhã, e influenciado por dados mostrando desaceleração da economia, o mercado voltou a reduzir as projeções para a inflação deste ano. Pela segunda semana consecutiva, economistas e analistas que respondem à pesquisa Focus, do BC, puxaram para baixo a estimativa para a inflação oficial. A mediana das expectativas para o IPCA em 2010 passou de 5,45% para 5,42%. Há um mês, o mercado apostava em 5,61%.

Os demais índices também recuaram. As projeções para o IGP-DI de 2010 caiu pela quinta semana, de 8,68% para 8,58%. O IGP-M esperado passou de 8,89% para 8,79%. Já o IPC-Fipe baixou de 5,15% para 5,12%. As estimativas para o IPCA de julho também foram reduzidas de 0,21% para 0,1%.

Ontem, na contramão da expectativa dos analistas do mercado financeiro, o IPC da Fipe relativo à segunda quadrissemana do mês avançou para 0,12%, ante elevação de 0,10% no levantamento anterior. Na segunda quadrissemana de junho, a inflação na capital paulista havia sido de 0,03%.

Os analistas ouvidos pelo Banco Central mantiveram a expectativa para o ciclo de aperto monetário promovido pela autoridade monetária. A mediana indica a Selic em 12% ao ano no fim do ano, com duas novas elevações de 0,75 ponto percentual e mais uma de 0,25 ponto em outubro. Para 2011, a projeção se manteve em 11,75% ao ano.

Como a coleta de dados para a pesquisa foi feita até sexta-feira, o Focus não captou um início de mudança nessas projeções. Começam a crescer no mercado as apostas de uma redução no passo do aperto, que passaria para 0,5 ponto percentual.

O Bradesco, por exemplo, divulgou ontem relatório apontando essa desaceleração no ritmo de alta da taxa básica, que subiria 50 pontos bases e poderia fechar o ano abaixo dos 12% projetados anteriormente. O estrategista-chefe do WestLB, Roberto Padovani, acredita em alta de 0,75 ponto no encontro de quarta-feira, mas avalia que esse seria o último movimento do Copom, deixando a taxa estável em 11%.

Os novos dados de desaceleração da economia começam a entrar no cenário dos analistas, como o índice de atividade econômica do BC, IBC-Br, que indicou estabilidade em maio, além de números menos vistosos de emprego e vendas de varejo. As prévias de inflação também têm saído abaixo das projeções de mercado.

Na semana passada, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ressaltou que o BC não toma decisão de forma antecipada e que todos os dados disponíveis entre as reuniões são levadas em conta a cada novo encontro do Copom.