Notícias

Bem vindo ao site de contabilidade da MAF Assessoria Contábil

Área do Cliente

Área do administrador

Produtividade baixa impede que Brasil cresça mais

Estudo aponta que, sem efeito negativo da produtividade, expansão das riquezas do País teria sido 45% maior nas últimas duas décadas

A produtividade teve efeito negativo no crescimento brasileiro nas últimas duas décadas. Um estudo da consultoria McKinsey & Company mostra que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) entre 1990 e 2010 poderia ter sido 45% maior não fosse o efeito negativo da produtividade, que puxou o resultado para baixo em 1,4 ponto porcentual.

As expansões registradas na força de trabalho, no nível de educação da população, no fornecimento de energia e no investimento em capital fixo somaram 4,5% ao ano no período (veja gráfico acima). Se a produtividade tivesse avançado o suficiente para pelo menos ter efeito nulo, a expansão média do PIB teria ficado em 4,5%, e não em 3,1%, afirma Camilo Martins, sócio da McKinsey.

A produtividade do trabalhador brasileiro cresceu, em média, 1% ao ano ao longo dos últimos 25 anos, nos cálculos da McKinsey. É um resultado muito inferior ao registrado por outros países em desenvolvimento, incluindo nações latino-americanas como Peru e Chile, e abaixo do avanço dos Estados Unidos, que opera historicamente em níveis muito mais elevados do que os brasileiros.

Segundo estudo da consultoria, o valor gerado pelo trabalhador americano por hora de trabalho está próximo de US$ 35, enquanto a contribuição do brasileiro é de cerca de US$ 5. Com a forte evolução da produtividade peruana - que foi mais três vezes superior à brasileira, entre 1988 e 2012 -, a produção do trabalhador do país em dólar encostou no resultado nacional.

A preocupação com a produtividade passará a ser vital para o Brasil nas próximas décadas, segundo Henrique Teixeira, sócio da McKinsey. Com a redução da expansão demográfica, o País deverá passar pelo mesmo processo de nações desenvolvidas: uma parcela cada vez maior da expansão do PIB dependerá dos ganhos de produtividade.

Hoje, de acordo com a McKinsey, cerca de 70% do crescimento do PIB americano já depende de ganhos de escala. Na Europa, a totalidade do crescimento está ligada ao fator produtividade. Isso ajuda a explicar porque países mais produtivos, como a Alemanha, crescem mais do que outros menos eficientes, como Itália e Espanha.

Dificuldades. Entre os entraves à produtividade brasileira, Teixeira destaca a infraestrutura, em especial a logística. "O investimento necessário nessa área é de US$ 600 bilhões. E isso para que tenhamos uma estrutura comparável à do Chile e de outros países latino-americanos", afirma.

Para o sócio da McKinsey, quanto mais rápido andar o processo de privatização já em curso de portos, aeroportos e ferrovias, mais rapidamente o Brasil conseguirá reduzir essa desvantagem.

Teixeira lembra que a estratégia de repasse de investimentos à iniciativa privada deu certo no passado. Ele diz que, apesar dos problemas que persistem, o setor de telecomunicações é um exemplo positivo. "Houve um crescimento de 3.600% desde 1998. É um resultado forte."

A dificuldade em tirar projetos de infraestrutura do papel evidencia, na opinião do consultor econômico Raul Velloso, ex-secretário de assuntos econômicos do Ministério do Planejamento, que o governo brasileiro "desaprendeu" a investir. É por isso que Velloso considera as recentes concessões de projetos à iniciativa privada como um passo na direção certa.

"O governo teve muitos problemas na área de gestão e, como usa 75% do orçamento para pagar salários e benefícios sociais, também não tem dinheiro para investir", diz o consultor. "O setor privado tem dinheiro, porque investidores do mundo inteiro têm interesse em bons projetos de infraestrutura."

Segundo os cálculos de Renato Pavan, presidente da consultoria Macrologística, o custo logístico do Brasil - que inclui os gastos com transporte, estoque e armazenagem - é de 12,5% do PIB. "O custo da logística no Brasil é 40% mais caro do que o americano, que está em 8% do PIB", diz o especialista.

Para o curto prazo, porém, não há solução à vista. E a safra recorde prevista para este ano só deve agravar a situação. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o valor do frete praticamente dobrou desde 2009. No início de fevereiro, o custo de transporte por tonelada entre a cidade de Sorriso (MT) e o Porto de Santos chegou a R$ 300 - um recorde para o mês.